Trilha de 3 dias, Myanmar

Se tem uma foto que pode descrever o ditado “não julgue um livro pela capa”, é essa. Eu vou contar pra vocês a minha definição de felicidade.

Contextualizando…
Estava eu fazendo uma trilha de 3 dias no Myanmar entre Kalaw e Inle Lake. A rotina é simples, acordar às 4, tomar café da manhã, caminhar 4 ou 5 horas por paisagens de natureza linda, parar em alguma vila pra almoçar, descansar e então caminhar mais umas 3 ou 4 horas, jantar e dormir em alguma hospedagem. Tranquilo.

No segundo dia, eu lembro que perto do final da caminhada antes do almoço eu estava morrendo de fome, perto da inanição, o meu cérebro só pensava em uma coisa, comida. 

Mas meu estômago, muito sábio e conhecedor de minha personalidade e histórico tentava ter uma conversa adulta comigo:

“Ive, sei que tem fome, mas dessa vez, eu gostaria de pedir com amabilidade, se seria possível, você por gentileza, fazer a bondade, se não for incomodo é claro, por obséquio, ter a boa vontade de avaliar minimamente o lugar em que você está comendo, seria de muita valia e gratidão.

E claro, eu como uma pessoa sensata ignorei qualquer aviso e comi no primeiro lugar que encontrei pela frente. 
Terminamos de almoçar, encontramos umas tendas vazias, tiramos uma soneca, e voltamos a caminhar. 

Antes de eu continuar, deixa eu te contar um pouco mais sobre essa trilha.
É uma área agrícola do país, com paisagens de plantações abertas por onde o seu olho alcança, é lindo! Não tem estradas, cidades, lojas, nada. Nem florestas fechadas onde você pode se perder, apenas aquelas abertas com aquelas árvores altas que você pode ver tudo planície adentro.

Lindo. 

Durante todo esse processo, meu estômago resolveu dar um pitizinho, começou resmungando algo sobre eu não poder enfiar tudo que eu vejo pela frente a dentro, que eu deveria ter algum critério de pelo saber o que eu estou comendo antes de ingerir e coisas assim. Eu claro continuei caminhando e ignorando ele com bastante sucesso.

Até mais ou menos uma hora de caminhada, quando o miserávi percebeu que tinha certo poder sobre o meu corpo e resolveu forçar sua indignação com minha forma de consumo, expelindo… por baixo.

Aaaah, eu to nessa p** de lugar que não tem um shopping! essa merda só tem natureza! Que horror! Minha bunda já estava dentro do meu estômago de tanto forçar pra dentro. Musculação nível hard core, suando frio, caminhando mais rápido que a onda sonora. Pausa pra foto, sorria. AAAA. E ai eu vi, a coisa mais linda do universo, a maior invenção do ser humano, a benção de Buda em forma física: uma latrina, um cubículo de madeira no meio de uma fazenda. 

Nem pensei no fato de que isso era meio que invasão, pulei a cerca e entrei dentro. Eu acho que essa é a melhor definição de felicidade.


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