Tem alguns lugares nesse mundo que já presenciaram tanta coisa, que a nossa presença ali faz o mundo parecer tão grande e tão velho que é uma sensação difícil de compartilhar.
E o Deserto do Saara foi mais ou menos isso pra mim, foi poder ter uma pequena experiência num lugar que ja teve tantos ciclos de histórias, que poder estar em um, por menor que seja, fez eu me sentir grande, de um jeito pequeno.
Por ali fiquei mais ou menos um mês, onde minha rotina se resumia em acordar, comer, trabalhar, e ir beber a noite com os locais. Em uma das noites deixei o pessoal conversando em uma das dunas e fui pra uma caminhada sozinha. Queria um tempo em silêncio pra mim.
Perdida em meus pensamentos demorou um pouco pra eu perceber que eu também estava perdida fisicamente. E logo me bateu um embrulho no estômago ao pensar que eu estava perdida no Deserto do Saara. Comecei a pensar como minha mãe ia ficar caso eu não conseguisse me encontrar, comecei a sentir uma saudade tão grande de casa que não pude fazer nada além de sentar e chorar.
Ali no meio do choro, eu vi a lua. Mas vi mesmo, não só olhei, eu enxerguei a lua.
E o pensamento de voltar pra casa começou a me pareceu covardia.
E ai, a ficha realmente caiu: eu estou viajando sozinha pelo o mundo, realizando um sonho que tenho desde que minha mãe lia o pequeno príncipe pra mim, quando eu tinha a idade de uma criança. E que eu estava ali, sentada no topo de uma duna. No meio da noite. Sob a luz da lua mais bonita que eu ja tinha visto. No Deserto do Saara.
É, ao mesmo tempo, assustador e libertador perceber que não há nenhum outro lugar do mundo que eu preferia estar além do que ali perdida.
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