Meu primeiro salto de paraquedas

Meu primeiro salto duplo foi, como quase tudo de bom na minha vida, não planejado e bagunçado. Minha mãe, como sempre a melhor mãe do mundo, resolveu acordar a gente de manhã pra levar pra saltar assim do nada sem aviso prévio. O motivo? Uma amiga dela estava indo e eu tinha tirado um 10 em física \o/

Mas como a gente não marcou horário nem nada não havia previsão de quando iriamos saltar, isso SE tivesse encaixe pra gente saltar. Então a gente ficou de boas lá esperando, a gente foi na escola São Paulo Paraquedismo que tem vários sofás no galpão e como a gente ia ter que esperar uma eternidade a gente meio que começou a sentir em casa depois de um tempo jogamos os pés pra cima no sofá, dormimos, roncamos e babamos. E depois de varias horas de espera finalmente veio a recompensa, e que recompensa!

Depois de receber todas as instruções no chão sobre como seria no ar: segurar a alça no ombro e olhar pra cima  na hora de sair do avião, e colocar os pés no bumbum na hora da queda; nós finalmente fomos pro avião, e eu, toda espertinha falei que queria ser a última a sair do avião, afinal o último a sair está mais alto que os outros, certo? (hoje eu sei que não, o avião está mais alto quando tem o primeiro salto e não último, então fica a dica). Durante toda a subida eu não conseguia de parar de sorrir, mas sabe aquele sorriso de: eu to feliz mas to nervosa pra caramba? quando a bochecha começa até a tremer? Então, eu tava bem assim, e quando a gente finalmente foi pra porta do avião eu fiquei hipnotizada olhando pro chão lá embaixo, pô é muito massa ver o mundo lá de cima, e enquanto o instrutor falava com o piloto sobre algo que eu não estava prestando atenção eu ficava ali cada vez mais boba, até o instrutor do nada dar um puxão na minha testa, lembra que tem que olhar pra cima? E se jogar do avião, maaaaaaaaaaaaaaano, que daora, sabe aquele friozinho que da na barriga quando você ta descendo a escada no escuro e de repente tem mais degrau do que o planejado?
É tipo essa sensação vezes um milhão, você fica até sem voz pra gritar, ai chego uma hora que de tanto eu sorrir minha boca ficou seca e eu toda esperta fui dar uma molhada na boca com a lingua, sabe quando você passa a lingua de baixo dos beiço, então, não faça isso quando tiver um vento de sei la quantos mil km por hora na sua cara porque ai vc fica parecendo aqueles buldogs se lambendo, coisa mais tosca do mundo! kkkk

Medo, medo, medo, eu não tive em nenhuma parte do salto, tive aquele friozinho na barriga gostoso, mas nada de medo, com exceção de um momento, um momento tão desesperador que eu que não acredito no deus cristão rezei varias aves marias. O paraquedas não fica com a gente, fica com o instrutor, a gente no caso fica preso ao instrutor por um equipamento; Quando você está na queda livre, é como se você estivesse deitado e ao abrir o paraquedas é como se algo te puxasse para ficar de pé.No caso o instrutor que eu estava não me avisou nem nada que iria abrir (o que eu achei até mais legal) então quando ele abriu, teve um meio segundo aonde ele levantava e eu “descia”, até a corda do equipamento esticar. Esse meio segundo, aaaa esse meio segundo, é o tempo mais longo da sua vida e ele é recheado de adrenalina e pânico. Desculpe o palavreado, mas a única coisa que eu pensei nesse momento foi um grande PUTA QUE PARIU, FODEU! E quando eu já estava a ponto de começar a me debater eu senti um puxão que me colocou em pé presa no instrutor. Maaaluco, me apaixonei! Nesse momento fodeu mesmo, felicidade contida? Já era! Eu ficava rindo e gritando que nem tonta! Melhor coisa do mundo, fato, fato, fato.

Depois é só alegria também, ficar passeando com o paraquedas aberto é bem legal, dura mais tempo que a queda livre mas tem beeeeem menos adrenalina. Por mim seria todo queda livre, mas acho que nesse caso seria uma viagem de apenas ida né, então deixa quieto. 

Eventualmente, para minha tristeza, a gente atingiu o chão, o que os especialistas chamam de pouso, então, a instrução era simples, eu deveria dobrar os joelhos e, na dúvida a gente pousava de bunda mas se ele visse que eu tava bem mandava eu correr com ele pra gente pousar em pé. Manolo, chegando no chão eu já tava esperta né?! Não queria pousar de bunda não sou uma lady, mano. Então já dobrei o joelho certinho e quando ele mandou eu correr eu já tava com os dois pé no chão correndo. Pouso em pé, bunitinho darlin!

3 anos depois estava começando o meu AFF para virar paraquedista de vez. Mal sabia eu que vários pousos de bunda, de cara, de capote ainda me esperavam. Pobre menina inocente.


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